A maior iniciativa do mundo de auto teste de HIV expande-se em uma nova fase crítica

Por Population Services International (Blogue TLYCS)

FimdaSida

Será o fim da AIDS/SIDA? (Arte digital: José Oliveira | Fotografias: Pixabay e Wikimedia)

Imagine a primeira geração livre da AIDS/SIDA

Na PSI, a nossa equipe reinventa os serviços de saúde nesta escala todos os dias. Essa é a razão por que estamos lançando o primeiro e único produto de auto teste rápido de HIV aprovado pela Organização Mundial da Saúde. Já temos projetos-piloto no Malawi, Zâmbia, África do Sul, Lesoto, Suazilândia e Zimbábue.

Certificar-se de que todas as pessoas vivendo com HIV conheçam a sua condição é crucial para retardar e, eventualmente, parar o vírus. Mas as barreiras, como o estigma e viajar longas distâncias até às clínicas, impedem que as pessoas sejam testadas e que depois recebam tratamento se o teste for positivo.

O auto teste – desenvolvido pela OraSure – é o primeiro e único produto de auto teste rápido de HIV a ganhar o estatuto de pré-qualificação pela OMS, garantindo a sua qualidade e segurança. Esse estatuto de pré-qualificação permite à PSI acessar o financiamento para o produto de modo a que possa ser comercializado a um preço acessível nos países em desenvolvimento.

Até hoje, nosso programa distribuiu 485 000 kits de auto teste de HIV e planeja distribuir um total de 4,8 milhões até o final do projeto de cinco anos.

O novo auto teste do HIV e a Self Test Africa Initiative (STAR) administradas pela PSI em colaboração com a UNITAID.

Três em cada 10 pessoas vivendo com HIV não sabem que estão infectadas com o vírus. A Iniciativa de Auto Teste de HIV na Africa (STAR), financiada pela Unitaid, acumulou evidências convincentes de que o auto teste pode atingir mais pessoas do que o diagnóstico tradicional, permitindo que os indivíduos fiquem a saber se têm ou não HIV, no momento e no local que escolherem e busquem o tratamento que necessitam.

Esta nova e audaciosa abordagem aos diagnósticos pode ajudar a atingir os ambiciosos objetivos de tratamento 90-90-90 das Nações Unidas, que visam diagnosticar 90% das pessoas que vivem com HIV, que 90% das que foram diagnosticadas recebam tratamento e que 90% dos que estão em tratamento tenham suprimida a carga viral até 2020.

Hoje na 9.ª Conferência IAS sobre a Ciência do HIV (IAS 2017), o consórcio STAR anunciou que o projeto de Auto Teste de HIV na África expandiu para a África do Sul, Lesoto e Suazilândia, tornando-se o maior esforço até hoje para criar um mercado próspero para o auto teste de HIV na África.

Um fraco alcance dos testes entre homens, jovens e outras populações vulneráveis na África subsaariana continua a ser um desafio no combate ao HIV. O auto teste de HIV (HIVST), que permite aos indivíduos testarem-se em total privacidade, provou ser uma ferramenta crucial para aumentar a adoção dos serviços de prevenção e tratamento do HIV.

A primeira fase do projeto STAR (2015-2017) estabeleceu que o HIVST pode ser usado com precisão por praticamente qualquer pessoa; é de aceitação ampla quando oferecido através de modelos de distribuição baseados na comunidade e em unidades de saúde; e pode satisfazer a procura entre populações vulneráveis e em comunidades estratégicas que, de outra forma, não usariam serviços de testes convencionais.

grafico TLYCS

“Os resultados preliminares da STAR indicam que os auto testes estão ajudando a preencher as lacunas de conhecimento sobre as condições de grupos que tradicionalmente têm sido difíceis de alcançar com outros serviços de testes de HIV, particularmente jovens e homens”, disse Karin Hatzold, Diretora da iniciativa STAR. “Mais de um quarto das populações que usam kits de auto teste nunca fez o teste antes”.

Os kits de auto teste HIV OraQuick, fabricados pela OraSure Technologies, foram utilizados na primeira fase do projeto STAR. O teste permite que um indivíduo, usando um cotonete oral, obtenha um resultado em apenas 20 minutos. OraQuick é o primeiro teste de diagnóstico rápido do HIV pré-qualificado pela OMS, um estatuto que indica que está em conformidade com os padrões internacionais. Além disso, a Fundação Bill e Melinda Gates anunciou recentemente um acordo para apoiar a venda a preço acessível de testes OraQuick em 50 países na África e na Ásia.

As grandes quantidades de HIVST geradas pela Iniciativa irão melhorar a saúde do mercado global. A procura de HIVST será cada vez mais previsível, reduzindo os preços e encorajando a introdução e a expansão de todos os testes disponíveis com base oral e sanguínea. Isso irá melhorar os esforços para construir um suprimento sustentável de múltiplos produtos de auto teste de HIV de qualidade e a preços acessíveis.

Nos três países iniciais da STAR – Malawi, Zâmbia e Zimbábue – 60 a 90 por cento dos indivíduos a que se ofereceram HIVST em comunidades rurais fizeram o teste. Aqueles cujo resultado foi HIV positivo foram encaminhados com sucesso para serviços de saúde e tratamento. No Zimbábue, 80 por cento dos homens cujo resultado dos auto testes foi HIV positivo relataram que foram encaminhados para serviços de saúde após o auto teste. O HIVST também aumentou a probabilidade de homens HIV negativos assumirem serviços de prevenção, como a circuncisão masculina médica voluntária (CMMV).

“Graças às crescentes evidências da STAR e às pesquisas realizadas em outros países, a OMS divulgou atualizações das diretrizes sobre o auto teste de HIV e sobre a notificação a parceiros em dezembro de 2016″, disse a Diretora Técnica da OMS, Cheryl Johnson. “As diretrizes recomendam fortemente que o HIVST seja disponibilizado como uma abordagem adicional aos serviços convencionais de testes de HIV”.

A segunda fase da Iniciativa de cinco anos da STAR, irá basear-se nesse sucesso e terá como objetivo demonstrar maior eficiência e potenciais poupanças no HIVST. Cerca de 4,8 milhões de kits de auto teste do HIV serão distribuídos até 2020. Expandir o HIVST para atender à crescente procura, aumentará o alcance dos testes entre homens, jovens e grupos vulneráveis ​​que atualmente não têm acesso a serviços de teste. Como resultado, a iniciativa contribuirá diretamente para alcançar o objetivo da ONU de tratamento para 2020. A expansão bem-sucedida do HIVST nos países STAR iniciais e a sua rápida introdução em novos países sob esta Iniciativa fornecerá um modelo para adoção em outras regiões.

“Se quisermos alcançar a primeira geração livre da AIDS/SIDA, mais países precisam ter acesso a essa tecnologia simples, incluindo estratégias eficazes para a expandir”, disse o Presidente Executivo da PSI, Karl Hofmann. “Soluções inovadoras como o auto teste do HIV ajudam a aproximar os cuidados de saúde das pessoas que mais precisam deles. Quando damos aos consumidores ferramentas simples e custo-eficazes que lhes permitem assumir o controle da sua própria saúde, vemos melhores resultados.”

“Existe uma necessidade urgente de acelerar o acesso ao auto teste do HIV e de aumentar o diagnóstico entre os que fazem o teste pela primeira vez, e que de outra forma não teriam acesso aos serviços de teste”, disse o Diretor Executivo da Unitaid, Lelio Mamora. “Ao superar as restrições de mercado do HIVST e ao aumentar o número de pessoas que conhecem o seu estado de HIV, a STAR tem o potencial de mudar o curso da epidemia”.

O novo projeto STAR de cinco anos está sendo implementado pela Population Services International (PSI) e a Society for Family Health (SFH) na África do Sul, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o consórcio de parceiros da London School of Hygiene & Tropical Medicine e o Wits Reproductive Health & HIV Institute.

Sobre o Consórcio STAR

PSI e SFH África do Sul lideram a Iniciativa STAR, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde e os MOHs nos seis países STAR. As atividades de pesquisa são lideradas pela London School of Hygiene and Tropical Medicine e os seus parceiros Liverpool School of Tropical Medicine e University College London. A PSI lidera o consórcio Malawi, Zâmbia, Zimbábue, Lesoto e Suazilândia; as atividades de pesquisa em cada país são implementadas por instituições de pesquisa locais: Malawi-Liverpool-Wellcome Trust Clinical Research Program, ZAMBART, o Centre for Sexual Health and HIV/AIDS Research Zimbabwe e o África Health Research Institute. A SFH irá liderar a implementação na África do Sul com o parceiro do consórcio, o Instituto de Saúde Reprodutiva e HIV da Universidade de Witwatersrand. Saiba mais em www.psiimpact.com/star-hiv-self-testing-africa e www.hivstar.lshtm.ac.uk.


Postado originalmente pela Population Services International no Blogue da The Life You Can Save, em 06 de setembro de 2017

Tradução de Fernando Moreno e José Oliveira. Revisão de Renata Paz José Oliveira e Daniel de Bortoli.

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