Lista de Vieses (em progresso e aleatória):
Viés do Status Quo:
O problema pode estar no viés do status quo, que é a tendência inconsciente de preferir que as coisas fiquem como estão. Você já cresce acostumado a pagar imposto, mas para doar uma parte da sua renda é preciso mudar de concepção. Isso é difícil. O viés é explicável pois, na falta de informação, é mesmo mais seguro manter as coisas como estão (se elas não causam sofrimento). Por outro lado ele é problemático porque essa opção pela segurança acaba impedindo melhoramentos.
Um pouco de perspectiva histórica mostra o quanto é necessário superar o status quo. A escravidão, que hoje abominamos (ainda que não tenha sido totalmente extinta), por exemplo, durante grande parte da história da humanidade, e em várias culturas, foi aceita.
Viés da confirmação:
As consequências são graves. Pesquisas provam que cobrar por essas redes reduziram seu uso em 60%. Ainda mais no caso da malária, no qual quem não usa a rede prejudica não apenas a si, mas a todos os vizinhos, já que o contaminado picado por outros mosquitos acaba virando uma fonte de propagação da doença.
Heurística da disponibilidade:
Distância psicológica:
Viés de Agostinho:
As desculpas ‘racionalizadas’ (ou confabuladas) vão no sentido de que a nossa situação ainda não é estável o bastante, é melhor economizar, existem filhos, etc… Mas contra isso existem 2 objeções:
Comportamento de bando:
Animais sociais tendem a agir em conjunto. Uma teoria que explica isso do ponto de vista do indivíduo tem duas regras simples: a) imitar seus vizinhos b) tentar ir o mais próximo do centro (local mais protegido). Estas duas regras bastam para sincronizar o voo de um bando de pássaros de maneira tão coesa que nos parece coreografado.
Nós somos animais sociais e o comportamento de bando guia muitas das nossas decisões. Pare para notar o quanto você se parece com seus amigos mais próximos no modo de agir, vestir e nas preferências.
Apesar de esforços individualistas não há como (e talvez nem porque) abandonar este viés. Porém, uma vez identificado, é possível 1) corrigi-lo e 2) usá-lo em nosso favor, com consciência. O Altruísta Eficaz tenta fazer isso em dois níveis:
1) Ajudar os que precisam é um truísmo consensual em nossa sociedade, portanto só é preciso lembrar os outros dessa opção.
2) Apesar de aceito, o truísmo da ajuda não é um costume para a maioria. Por isso, acaba se gerando um comportamento de bando em que todos aceitam a necessidade da ajuda, mas ninguém ajuda. Um paradoxo tem o poder de mudar o comportamento. Ao notá-lo e aceitarmos a mudança de comportamento estamos contribuindo para que outros ao nosso redor façam o mesmo.
1′) Por outro lado, por estar arraigado, o truísmo da ajuda acaba levando a aceitar qualquer tipo como se tivesse igual valor. Como vemos ao analisar mais de perto os resultados das intervenções, a coisa não é assim.
2′) Por isso outra proposta é de ser criterioso no julgamento e distinção de ajudas para melhorar o resultado. Ao fazermos isso ajudaremos os nossos vizinhos a fazerem o mesmo.
Ilusão de intervenção:
Temos a ilusão de que quando intervimos, os resultados são melhores. A existência desse viés faz sentido, pois é ele que nos ‘convence’ a tomar uma atitude. Por outro lado, é preciso tomar cuidado, pois esta ilusão pode aumentar as chances de fracasso. Por exemplo:
1) Outro caso é da criança perdida que, em vez de ficar num lugar para ser achada, prefere sair procurando alguém, aumentando assim o risco de não ser achada.
2) Um caso é dos goleiros nos pênaltis. Eles preferem escolher um canto para pular, mesmo que as maiores chances de defesa estejam em ficar no meio.
No caso da ajuda o risco do viés da intervenção é pensar mais em quem ajuda do que em quem é ajudado:
1′) Costurar um tapete para ser vendido num bazar de ajuda a uma instituição de caridade traz uma sensação de dever cumprido, mas é muito menos efetivo que uma doação impessoal.
2′) Mesmo após a escolha de uma doação impessoal a preferência tende a ser por programas que intervêm de maneira mais agressiva ou criativa, mas isso também não significa ter melhores resultados. Por exemplo, intervenções de introdução ao empreendedorismo agrícola em África se provaram muito menos efetivas que a simples transferência incondicional de dinheiro para pequenos produtores.
Enfim, convém sempre verificar os resultados da intervenção (ainda mais quando a intervenção nos soar totalmente plausível de antemão).
Efeito culatra:
Estudos provam que quando se mostram dados que negam a nossa opinião, em vez de aceitarmos, a gente tende é a reforçar nossa negação.
Por exemplo, quem é contra o bolsa-família e vê um estudo que comprova seus impactos positivos, tende a ir ainda mais contra o programa e os dados apresentados. Uma das estratégias para negar os dados é apelar para ‘direitos inalienáveis’. Eu tenho que abrir mão do dinheiro que ganhei por mérito próprio para sustentar vagabundos? O que fazer diante disso?
1) Em relação aos outros. Em vez de mostrar os dados que negam a sua posição, pesquisas indicam que mais eficaz para fazer alguém mudar de opinião é pedir que ele explique sua opção até ver que nunca pensara bem sobre o que está defendendo. Quanto seria o dinheiro de que você vai abrir mão? Essa é uma quantia que vai te fazer tanta falta? E o mérito próprio, não teve ajuda da família, da educação da estrutura de transporte, leis e comércio do país?
2) Em relação a nós mesmos, é preciso sempre se policiar diante dos dados que recebemos. Sempre que um artigo contrariar a nossa opinião, convém parar, reler e avaliar as coisas como se a gente não tivesse opinião. Só depois disso é que convém a gente formar (e não reforçar) uma opinião própria. Este artigo defende o bolsa-família, mas ele apresenta dados convincentes ou só anedotas que confirmam minha opinião? Se não há dados, onde posso encontrá-los? Veja análises de programas similares. E sempre procure ver o que dizem os críticos sérios da sua opinião.
Viés da força direta (ou mão na massa):
Descubra mais sobre Altruísmo Eficaz
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.





