Por José Oliveira
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Qual é o potencial da filantropia para mudar o mundo? Na sua palestra TED, Natalie Cargill, Fundadora e Presidente da Longview Philanthropy, apresentando alguns exemplos da história da filantropia, defende que o potencial para resolver os maiores problemas do mundo através da filantropia, apesar de vastamente desconhecido, é imenso.
No seu melhor (porque também pode ser só uma manifestação sem qualquer consideração pelo que é necessário ou sequer funcione) a filantropia pode ser uma ferramenta extremamente transformativa onde os estados ou os mercados não podem, ou não querem, intervir. E com base nisso apresenta uma experiência mental: “E se os 1% mais ricos doassem 10% daquilo que ganham?”
Se assim fosse, teríamos mais 3,5 biliões [Br. 3,5 trilhões] de dólares por ano!
Baseada em estudos do Banco Mundial, das Nações Unidas e da própria Longview Philanthropy, Natalie apresenta então O que poderíamos fazer com 1 ano dos 1% a doar 10%:
- 260 mil milhões [Br. 260 bilhões] de dólares: para acabar com a pobreza extrema (doando directamente — GiveDirectly — aos mais pobres);
- 300 mil milhões [Br. 300 bilhões] de dólares: para prevenir a próxima pandemia (ex. testando as águas residuais dos esgotos para verificar a presença de vírus, melhorando os laboratórios e a produção de vacinas, universalizando a protecção de pessoal médico, desenvolvendo tecnologia para prevenir doenças transmissíveis pelo ar);
- 800 mil milhões [Br. 800 bilhões] de dólares: para duplicar a I&D da energia limpa (os custos da energia eólica baixaram 50% e os da energia solar baixaram 90%; devíamos investir em energia nuclear, geotérmica, melhores maneiras de armazenar energia e de remover o CO2);
- 2 mil milhões [Br. 2 bilhões] de dólares: para reduzir o risco nuclear (reduzindo os riscos de alarmes falsos, melhorando políticas de acção ou reacção face a ameaças nucleares);
- Mil milhões [Br. 1 bilhão] de dólares: para aumentar a segurança da IA (isso seria 10x o que é investido agora na segurança da Inteligência Artificial, para abrandar ou até parar o desenvolvimento da IA que possa constituir um risco existencial);
- 1,3 biliões [Br. 1,3 trilhões] de dólares: para fornecer água potável e saneamento para todos (fazer um plano para, em 13 anos, conseguir abranger todos no planeta);
- 336 mil milhões [Br. 336 bilhões] de dólares: para acabar com a fome e a desnutrição (numa década);
- 150 mil milhões [Br. 150 bilhões] de dólares: para assegurar a saúde reprodutiva (dando às mulheres esse controle através da distribuição de contraceptivos, cuidados maternos e a recém nascidos, tudo gratuito durante pelo menos os primeiros 5 anos);
- 290 mil milhões [Br. 290 bilhões] de dólares: para acabar com a pecuária industrial (até 2050);
- 46 mil milhões [Br. 46 bilhões] de dólares: para acabar com as doenças negligenciadas (que tendem a assolar os mais pobres);
- 228 mil milhões [Br. 228 bilhões] de dólares: para acabar com tuberculose, a malária, e o HIV (suprimindo fortemente ou mesmo erradicando estas doenças);
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Estes seriam alguns dos problemas que, se não descartarmos uma das mais poderosas ferramentas que possuímos (a filantropia), poderíamos enfrentar decisivamente no espaço de um ano, apenas com 10% dos 1%. Finalizando, Natalie surpreende a audiência dizendo: “Imagine o que poderíamos fazer no 2.º ano!”
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“Breves do AE”: resumos de publicações relacionadas com o AE que, por constrangimentos de tempo, ou restrições de direitos autorais, não poderíamos traduzir. Estes resumos servem essencialmente como estímulo à leitura dos textos originais aqui referidos.
Por José Oliveira.
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